quarta-feira, 10 de dezembro de 2025

“Como a Evolução Tecnológica Ajudou os Animadores de ‘Gato de Botas’ a Vitalizar a Sequência”, por Karen Idelson [23/02/23]

Ilustração de Joel Crawford / Imagem de Fundo da Variety

Para o diretor Joel Crawford, a história contada em “Gato de Botas 2: O Último Pedido” precisava de algo novo e distinto do que havia sido feito no filme “Gato de Botas” da DreamWorks Animation, lançado em 2011. Já fazia mais de uma década desde que o primeiro filme encantou o público com a história de um gato que muitas vezes se achava demais para suas botas. O Gato, que desta vez entrava em cena, seria humilhado, até mesmo apavorado, ao chegar à última de suas preciosas nove vidas. Crawford e sua equipe decidiram aproveitar o tempo que havia se passado entre os dois filmes. Eles abraçaram a oportunidade de criar uma nova abordagem para a animação no segundo filme e se inspiraram em filmes favoritos e contos de fadas queridos.

CG Pressionando Contra o Estilo CG

No início dos anos 2000, a animação computadorizada tendia a ter um estilo específico — extremamente suave e brilhante, com cores vibrantes que chamavam a atenção. O diretor Crawford queria algo completamente diferente para este filme. Enquanto o primeiro “Gato de Botas” seguia o visual típico do CG, a sequência seria mais pictórica, semelhante aos contos de fadas clássicos que inspiram histórias há séculos. Para que isso funcionasse, a equipe de cineastas teria que fazer com que o CG parecesse, essencialmente, algo diferente de CG.

“Queríamos muito fazer algo que surpreendesse o público”, diz Crawford. “Nos aventuramos num novo território, não apenas visualmente, mas também em termos de tom. Era proposital que quiséssemos atingir um público amplo, por causa do que essa história significa para gerações. Há gerações que cresceram assistindo aos filmes do ‘Shrek’. E era importante para nós perceber que esse público, que agora está na faixa dos 20 anos ou mais, ainda ama o Gato e quer vê-lo. Ao mesmo tempo, estamos apresentando um público totalmente novo de crianças mais novas — que talvez nem fossem nascidas quando o primeiro filme foi lançado — a esse personagem e a essas histórias. Então, como parte da busca por esse objetivo ambicioso, reinventamos completamente o visual do filme.”

De Joel Crawford para a Variety

A essência visual do Gato precisava mudar, e Ludovic Bouancheau, chefe de animação de personagens, esteve na vanguarda dessa evolução.

“Fiquei empolgado em trabalhar em Gato de Botas, mas também estava pensando num personagem de 11 anos atrás e achei que ele precisava ser diferente”, diz Bouancheau. “A aparência precisava mudar um pouco. Havia uma vontade e um desejo muito fortes por parte dos diretores de mudar o visual, de torná-lo mais ilustrativo, um pouco mais gráfico. E aprendemos muita coisa ao longo desses 11 anos entre os dois filmes em termos de como criamos nossos personagens e como os interpretamos na tela.”

O Bom, o Mau e o Pictórico

À medida que Bouancheau concebia um Gato mais lírico, como um personagem saído de um conto de fadas e menos agressivo, todos os outros personagens seguiram o mesmo caminho. Os cineastas também se inspiraram em contos de fadas para o estilo dos ambientes onde a história se desenrolaria. Isso abriu oportunidades para o diretor de arte Nate Wragg.

“Como buscávamos um espaço mais ilustrado, isso nos permitiu ser mais artísticos na abordagem da cinematografia e na construção do mundo em geral”, diz Wragg. “Foi empolgante ver nossos diretores se inspirando em contos de fadas e em filmes, faroestes italianos e filmes de Akira Kurosawa, que tinham uma abordagem mais artística e ousada em relação à cinematografia e às composições. Sentimos que isso nos permitiu levar nossa própria arte a um novo patamar, porque já estávamos sendo um pouco impressionistas, ou um pouco ilustrados, na maneira como compúnhamos uma imagem ou a representávamos. Parecia que uma coisa complementava a outra e nos ajudava a criar uma experiência única para o público. É algo que não teríamos buscado há 10 ou 15 anos, quando buscávamos uma abordagem mais naturalista.”

Heidi Jo Gilbert, chefe de roteiro, cita “Três Homens em Conflito” e “Era uma vez no Oeste” como grandes influências, especialmente nos momentos em que o Gato enfrenta o Lobo e seus próprios medos da morte. Esses confrontos clássicos preparam o terreno para momentos icônicos.

“Quando você vê o Gato e o Lobo no bar, é uma cena de faroeste”, diz Gilbert. “Muito disso vem do estilo dos filmes que Sergio Leone fez. E o assobio do Lobo é até parecido com a gaita na trilha sonora que você ouve nesses filmes.”

Embora o conflito entre o Gato e o Lobo seja uma consequência natural dos clássicos faroestes e dos filmes de Kurosawa, a aparência da Estrela do Desejo, cuja busca é a força motriz da trama, representou um desafio completamente diferente para a equipe de animação e design. O Gato passaria muito tempo em cena observando a enorme estrela que caiu na Terra, e seria importante mantê-la visualmente interessante e envolvente.

“Quando vemos a Estrela do Desejo, ela deve ser tão brilhante que queremos que o público sinta uma sensação de contemplação e entusiasmo”, diz Joe Feinsilver, diretor de arte do filme. “Então, a maneira que encontramos para isso foi trabalhar a escala, garantindo que ela parecesse imensa, que fosse um lugar muito especial.”

A Última das Nove Vidas

Como o público descobre logo no início do filme, o Gato está em sua última das nove vidas. Sabendo que não tem mais segundas chances, ele é atormentado pelo medo da morte durante a maior parte do filme. Isso inclusive molda um dos momentos mais impactantes e memoráveis: o ataque de pânico do Gato é tão realista em sua representação que a cena foi elogiada pela sua apresentação, que vai desde o Gato agarrando o peito até o aumento da frequência respiratória e a aceleração dos batimentos cardíacos.

Embora o filme se concentre numa abordagem pictórica para sua animação, o diretor Crawford queria abordar os estados emocionais que cada um dos personagens vivenciava ao longo da história.

“Realmente era um dos nossos objetivos”, diz Crawford. “Queríamos embarcar numa jornada em que o público vivenciasse toda a gama de emoções com esses personagens. Queríamos que essa cena fosse mais lenta para que o público pudesse absorver de verdade o ataque de pânico e sentir como era vivenciá-lo.”

O supervisor de efeitos visuais Mark Edwards afirma: “Acho que foi uma boa escolha, porque nesses momentos mais tranquilos, que são bastante emocionantes, como o ataque de pânico, é preciso ter elementos mais sutis acontecendo em cena.”

Fonte: https://variety.com/2023/film/awards/puss-in-boots-team-evolved-1235532757/

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